sem superfície
Nov 27, 2022
não me contento em ouvir o som da chuva, um cair distante admirado da janela. observar o barulho das gotas espessas caírem no asfalto quente não é o suficiente; é preciso molhar os solados do sapato marrom.
sei menos ainda do raso — admirar, de longe, a cachoeira de cascalho colorido e pútrido. a observação, desassociada do movimento das pequenas ondas no baixo ventre, não parece completa.
quero me afogar na queda que se estende aos olhos; no oceano gélido de água doce, que arrepia cabelos e mamilos.